31 outubro 2008

Resultado da Primeira Ronda



Rep. Finanças de Sintra 0 - Fátima Damião 1

Esperemos pelo próximo jogo...

Bom fim de semana a todos!

21 outubro 2008

Novo ataque... da saudade


As minhas adiantadas desculpas pela repetição do post, mas se não o fizer, rebento!
Passagem pela ilha do Sal
Fonte de nha sodade

Êxe spancadura que bo ti ta uvi
ca ê roncadura de pómba, nem vôo de pardal,
Ê bo coraçom ta crê saí desse peite que ti ta pertál.

Paré: Li ondê que já tive um horta,
hoje ê sô um pórta pa mundo de bo ôte idade,
bôs lembrança ta speróbe.
Bá nh'armom, bá, bá mata sodade!....

Sérgio Frusoni (Cabo Verde)

TRADUÇÃO
Este espancar que estás a ouvir,
não é marulhar de pomba, nem voo de pardal.
É o teu coração a querer sair desse peito que o está a apertar.

Pára! Aqui onde já houve uma horta,
e hoje é apenas uma porta para o mundo da tua outra idade,
as tuas recordações esperam-te.
Vai irmão, vai matar saudades!....
« - Todo este campo foi, outrora, uma jardim verde. Abundante de produtos hortícolas: Batata, feijão, tomate, bananeiras, coqueiros, tamareiras, mangueiras. O milho era tão alto que uma pessoa tinha que o vergar, debaixo dos pés, para encontrar o caminho onde pisar.
Isto contava-me a minha avó, quando menina para aqui vinha trabalhar nas terras da família. Hoje é esta desolação de pedras e pó, onde nem os lagartos aguentam uma vida tão dura.»

Assim soavam as palavras do nosso guia Edy, soluçadas pelos solavancos da Toyota de 12 lugares que percorria aqueles caminhos pedregosos, levando o grupo que partira da vila de Santa Maria do Sal até as “Terras das Miragens”. Edy é um crioulo nascido no Sal, a quem, pelo seu empenhamento e esforço foi facilitada a educação em Portugal.
Hoje, com 25 anos e um curso de relações públicas, Edy é um dos muitos guias turísticos a operarem na ilha.
« Trabalho bom. Limpo. Conhece-se muita gente. Mas tô pensando dar o salto pra longe. Não sô galo de capoeira, não,»

O Sal. Foi sem dúvida a menos atraente das ilhas do arquipélago que visitei. Os hotéis, resorts e estâncias sucedem-se a um ritmo alucinante. As filas no balcão das toalhas de praia, a louca corrida ás espreguiçadeiras da piscina ou o ataque kamikaze ás mesas do buffet quase me faziam esquecer a morabeza com que fora recebido nas ilhas por onde passei.
O turista pé-descalço, aquele que, de máquina em punho, filma as mesas do pequeno-almoço no hotel (eu vi, não é treta) enche por completo a ilha. Famílias numerosas de seis ou sete pessoas, com crianças em constantes birras, casais de meia-idade a discutirem na praia porque ele não tira os olhos da loura que a seu lado se encontra, languidamente deitada e que lhe exibe os naturais atributos. Enfim, de tudo um pouco, a lembrar um típico domingo nas praias da Costa de Caparica.

O assalto por senegaleses em constantes tentativas para vender bugigangas, ditas artesanais, que nada têm a ver com o artesanato, pobre, de Cabo Verde, tomava proporções surrealistas, ao ponto de te colocarem sucessivos colares ao pescoço na esperança de que, pelo menos um, tu irias comprar.
Felizmente que foram só dois dias e que eu trazia indicações dos melhores sítios onde comer, gentilmente passadas pelo nosso amigo Pedro Pereira aquando a nossa estadia na cidade da Praia.
Aqui fica o registo simpático da nossa passagem pelo restaurante Mateus onde a boa culinária e a simpatia do proprietário aliada a uma música tradicional tocada ao vivo e sem microfones foi o bastante para fazer renascer em mim o espírito simples e sincero das gentes de Cabo Verde.

E como para confirmar a regra existe sempre uma excepção, quero aqui contar a pérola que em todas as minhas crónicas sobre as ilhas que visitei em Cabo Verde sempre acontecerá.

Uma noite, vínhamos do jantar no Mateus, a caminho do hotel, quando demos pela presença de uma figura que sentada no passeio parecia remexer em algo á sua frente.
- Não deve estar a vender nada, pensei eu. Ali, quem queria vender alguma coisa corria a traz dos possíveis fregueses. E avancei, já disposto a não parar.
Mas nestas coisas da alma, a Fátima tem um sexto sentido, raramente se engana, e de repente, diz-me:
-Vamos ver o que está a fazer!
Quando chegamos, vimos um homem, ainda novo, não deveria de ter mais de trinta anos. Mas pelo seu aspecto, descalço e de parca vestimenta, aparentava pelo menos cinquenta.
Á sua frente tinha um montículo de pequenas conchas, búzios que a maré trouxera para a praia onde os recolhera. Respondera á nossa saudação com um «boa noite amigos» sem levantar os olhos do que estava a fazer, retirara uma agulha de dentro do caos organizado que era a sua cabeleira de rastas e com ela furava os pequenos búzios que enfiava, entrecalados, com contas coloridas num pedaço de nylon.
Disse que se chamava Imanuel, mas que todos o conheciam por Ima. Não tinha família ou outros bens. Dormia na praia, vivia do que lhe davam e da magra receita dos seus trabalhos com conchas. Não lamentava a sua sorte. Esta era a vida que lhe fôra dada. Aceitava-a com a submissão de quem crê que todos os homens têm o seu destino escrito á nascença.
Perguntou-nos de onde éramos. Respondemos que éramos Portugueses, de Sintra.
Nunca tinha saído de Cabo Verde, mas um amigo em tempos lhe dissera que Sintra era a última paragem de uma linha de comboios. A pulseira de búzios ficara completa. Deu-lhe um nó nas extremidades, levantou os olhos para a Fátima. Uns olhos de um azul claro onde morava o mar de Cabo Verde, e disse:
- esta é para ti. É uma oferta!
Seria apenas mais uma dissimulada maneira de ganhar dinheiro? Seria uma manhosa artimanha de levar a vida? Não acredito!
Fosse o que fosse, o Ima veio connosco no coração!
Abri a minha carteira e quase que a despejei nas suas mãos. Não sei quanto lhe dei. Ele também não soube quanto recebeu. Guardou o dinheiro sem o contar. Levantou a mão, num gesto de agradecimento e olhou-nos com a força do oceano.

Não consegui tirar-lhe uma fotografia. Deixo ao tempo a tarefa de lhe moldar o rosto sempre que nas minhas recordações eu evocar aquelas ilhas de morabeza.

3.000 Km e 2 anos depois

Fez em Agosto passado dois anos que estivemos de ferias em Cabo Verde. Foi uma viagem que me ficou na memória e no coração. Do povo cabo-verdiano guardo a gentileza e o carinho com que me receberam e de vez em quando dou por mim relembrando caras, nomes, histórias, cores e sabores daquelas ilhas de morabeza.
De tal forma que ainda no Domingo, eu e a Fátima víamos fotografias que de lá trouxemos. Memórias que o olhar relembra e que o peito guarda de forma indelével.
Fizemos amigos. Sobretudo os guias que nos acompanharam durante a estadia.
O Zezinho, o Morais, o Ivanildo, o Ima.

Não resisto a deixar aqui, de novo, o que na altura escrevi e que se refere ao Zezinho, o nosso guia na cidade da Praia.

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O Zezinho
Oi! Bom dia! Tudo bem? Como vai?


Um aceno, um sorriso, o telefone que não para de tocar. Uma paragem no caminho para desentorpecer as pernas e para dar boleia a alguem conhecido (os transportes públicos são muitos deficitários em C.Verde, e fora das principais cidades, inexistentes).
De novo mais cumprimentos, saudações – N’hô Mané, como passa?
É um nunca mais acabar de conhecimentos, amigos e família deste verdadeiro “Papa de Santiago” O Zezinho é natural do Fogo e veio para Santiago aínda muito criança. Hoje mereçe o respeito de todos, conquistado pela sua singular bondade, quer na capital quer nas vilas do interior onde conhece, literalmente, todo o mundo.

Foi o nosso guia-amigo na ilha.
Uma vêz, a caminho da Cidade Velha, passámos pela carcaça abandonada de um carro, e que servia de morada a um macaco – Cabo Verde tem macacos em liberdade. Alguns são capturados e exibidos como animais de estimação – o Zezinho volta-se para o grupo e diz:
- Agora vou cumprimentar um velho conhecido.
E quando o auto-carro passa pelo macaco, o Zezinho estica o braço para fora da janela e saúda o bicho. Então, para espanto de todos, o animal retribui o gesto, levantando o braço de igual forma.
Foi gargalhada geral!

A viagem começara com alguma apreensão. Não só pela estreita estrada (?) de montanha que percorriamos, mas também pelo roncar do motor da viatura que, qual fumador atacado pelo catarro, expelia continuas baforadas de fumo negro. Aproveitando uma ligeira descida, meio receoso, meio a brincar, pergunto-lhe:
- Zezinho, este carro tem revisão?
Ele olha-me serenamente com um sorriso e pisa o travão fazendo imobilizar o carro com uma chiadeira infernal.
- Não há problema, agora já tem máquina de revisionar viaturas. Se a máquina estiver boa, a revisão também está!

Com um humor só proporcional à sua bondade o Zezinho descreve-nos a sua terra, as suas gentes. Histórias do passado, histórias que serão de esperança num futuro ansiado por quem pouco tem de seu, e por ter pouco a perder se lança numa desigual luta contra a adversividade.

- Aqui, à esquerda, é o Palácio da Justiça. Foi feito pelos chineses e entregue ao Governo de Cabo Verde. Andamos mais uns metros, e ele continua:
- Além, à direita, é o Palácio do Governo. Foi feito pelos chineses, sem qualquer encargo para o Governo de Cabo Verde. Mais adiante, continua:
- Aqui temos o Centro de Congressos. Foi feito pelos chineses, também.

Chegados à Cidade Velha, defronte das antigas muralhas de uma construção militar, diz o Zezinho:
- Aqui é o Forte de São Filipe, construido pelos portugueses nos finais do Sec XVI. Ainda hoje os chineses andam amarelos de raiva por não o terem construido!

Obrigado Zezinho por nos revelares a grandeza de Cabo Verde.
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Ontém, ao final da tarde, estava eu a abastecer de gasolina no posto lá do meu bairro, não é que vejo um homem dirigir-se a mim, de braços abertos, já a ensaiar o esperado abraço.

Era o Zezinho. Está em Portugal a passar as suas férias.
Depois dos abraços vieram as lágrimas, os risos, de novo as memórias...
Trocámos os números de telefone. Trocámos a promessa de que não partirá para Cabo Verde sem deixar que eu retribua tudo o que me deu, há dois anos e a 3.000 Km de distância, naquelas ilhas de gente gentil...

20 outubro 2008

Lenine em Salvador - Bahia





Teatro Castro Alves
07 e 08 de Novembro - Salvador, BA
Praça Dois de Julho,s/n , Campo Grande


Que pena, esse mar tão largo...

17 outubro 2008

Cais da Saudade


(foto minha)

«Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais»


Pedaço de Mim – Chico Buarque

Eu quero


Pormenor de escultura na Quinta da Regaleira - Sintra (foto minha)
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Quero filhos, quero vodka, quero um ideal;
Quero uma casa no campo, quero um guru, quero um bife do lombo, quero um perfume francês - mas nunca ouvi ninguém dizer isto: QUERO SABER PENSAR.

João de Sousa Monteiro in «Tire a Mãe da boca»

16 outubro 2008

Eugénio e Lisboa


(foto minha)

Alguém diz com lentidão:

«Lisboa, sabes…»

Eu sei. É uma rapariga

descalça e leve,

um vento súbito e claro

nos cabelos,

algumas rugas finas

a espreitar-lhe os olhos,

a solidão aberta

nos lábios e nos dedos,

descendo degraus

e degraus

e degraus até ao rio.



Eu sei. E tu, sabias?


Eugénio de Andrade

15 outubro 2008

Dedicação


(foto minha)



Porque, felizmente, eles são melhores do que nós,

Qualquer semelhança com o comportamento dos humanos é pura coincidência.

14 outubro 2008

Violeta Parra

Mariposa de noviembre (con Lourdes Guerra) - Luis Pastor


Violeta del Carmen Parra Sandoval (San Carlos, 14 de outubro de 1917 — Santiago do Chile, 5 de fevereiro de 1967)

Mariposas de noviembre


La voz de mi corazón
es un pájaro que canta
gorrión del pueblo cantor
como fue Violeta Parra.

Su nombre color y flor
su apellido de uva y vino
del canto de su dulzor
al dolor de su destino.

Mariposa de Noviembre
violeta de mi jardín
un racimo de canciones
de tu parra yo cogí

Mariposa de Noviembre
parra de muchas canciones
violeta voz y guitarra
de todos los corazones.

La voz de mi corazón
es un pájaro contento
jilguero de la emoción
que bebe del sentimiento. (Bis).

La voz de mi corazón
es un pájaro que canta
alma que vuela en la voz
paloma de la palabra

La voz de mi corazón
es un canto de cigarra
del coro de tantos pueblos
que viven sin esperanzas


Luis Pastor / Lurdes Guerra

(Homenagem a Violeta Parra)

08 outubro 2008

Sintra na Estação


(foto minha)


Outono

O Outono vem vindo, chegam melancolias,

cavam fundo no corpo,

instalam-se nas fendas; às vezes

por aí ficam com a chuva

apodrecendo;

ou então deixam marcas, as putas,

difíceis de apagar, de tão negras,

duras.



Raquel Agra in Sal da Língua

O mistério da estrada de Sintra


(foto minha)

«A carruagem partiu na direcção de Sintra. Presumo, porém, que deu na estrada algumas voltas,
muito largas e bem dadas por que se não pressentiram pela intercadência da velocidade no
passo dos cavalos. Levaram-me a supô-lo, em primeiro lugar as diferenças de declive no nível
do terreno, conquanto estivéssemos rodando sempre numa estrada macadamizada e lisa;
em segundo lugar umas leves alterações na quantidade de luz que havia dentro do coupé
coada de seda verde, o que me indicava que o trem passava por encontradas exposições com
relação ao Sol que se escondia no horizonte.»

Eça de Queirós / Ramalho Ortigão

Chorar por mais


(foto minha)

As 3ª Feiras no Lusitano Clube de Lisboa arriscam-se a serem as melhores da capital para quem queira ouvir um bom chorinho e dar um pezinho de dança.

Ontém, aquela centenária colectividade reuniu cerca de uma centena de pessoas que fizeram da rentrée da Roda de Choro de Lisboa um enorme sucesso.
Tangueiros e Salseiros não perderam a oportunidade de fazer aquilo que tão bem sabem, e galvanizaram a assistência com os seus passes
Foi bom rever amigos (a Rita Caldas está cada vez mais bonita).
Á Maria e ao Zé, um obrigado pela excelente companhia e... até á próxima!

05 outubro 2008

Roda de Choro





Terça Feira, 7 de Outubro, 22H30 no Lusitano Clube em Alfama.

Não percam a rentrée da Roda de Choro de Lisboa

Eu vou nessa!

03 outubro 2008

Ángel caído




LuisPastor / Pedro Guerra


Bom fim-de-semana