30 outubro 2006

São Manços, Capital da Amizade!






Pois é, parece que já estou a ouvir alguns de vós a dizer: - Lá anda ele, outra vez, nas patuscadas!
Felizmente, posso garantir que têm razão. Este fim-de-semana aconteceu, de novo, a magia da amizade por terras alentejanas, mais precisamente na vila de São Manços, distrito de Évora.
São Manços é, sem dúvida, o local onde, por metro quadrado, mais se ouve a música dos Norte-Sul. É vulgar entrarmos num qualquer café da terra e depararmos com as nossas músicas a tocar. O grande responsável por esta divulgação chama-se Marcírio e é um homem para quem a amizade é a moeda de troca nas relações com o próximo. Já vendeu, na sua Tasca, como carinhosamente chama ao seu café, perto de 100 CD’s do Grupo, o que para uma pequena povoação do interior é obra, que ele leva a peito, a troco de nada e com muito carinho. Volta e meia está a ligar-nos para Lisboa, dizendo:
- Amigos, já vendi o último cd que tinha. Quando puderem, tragam mais, e olhem, de caminho fazemos aqui uma almoçarada.
De certa forma, estamos habituados que nos recebam bem, é esta entrega total que nos norteia e que nos permite angariar amigos pelas terras onde passamos. Mas as pessoas em São Manços, e que nos perdoem os outros, são verdadeiramente especiais.
Desde as 13H00 de Sábado, quando chegamos, até ás 05H00 da manhã de Domingo no Café do Marcírio, aconteceu um interminável repasto de iguarias só interrompido pelas cantigas e pelos abraços de quem chegava á mesa.
Alguém deu um borrego. E o borrego comeu-se num delicioso ensopado que até Cilarcas (Cogumelos do campo) tinha.
Alguém deu um leitão. E o leitão comeu-se assadinho no forno com batatinhas.
O vinho e a cerveja correram enquanto as gargantas sequiosas pelo canto, assim o desejaram. Gente menos jovem, mas também malta de 16 e 18 anos ajudaram à festa, e é com pouco á vontade (pelo menos para mim) e arrepiante, ver uma Tuna de miúdos a saber de cor as letras do M’águas Passadas. Cantámos tudo, modas novas, modas antigas, modas populares, fado, mornas Cabo-verdianas. O Marcírio, quando alguém entrava na roda, dizia: - Ó Cachaço, canta o ‘Mineiro’ aqui pró meu irmão ouvir!
Tocámos o ‘Mineiro’, ‘O Vinho’, a ‘Olinda’ e outros tantos, vezes sem conta, já sem voz, com os dedos cheios de bolhas (grande Zé Lopes, grande Toni, grande Luciano) mas com o coração cheio de gratidão. E já as corujas se preparavam para dormir quando nós pensámos em fazer o mesmo, e não se espantem, mas até quartos tínhamos á nossa disposição para descansar antes regressarmos a Lisboa.

Foram 16 horas a comer, beber, cantar, tocar, chorar de emoção e alegria, no meio de gente simples, autêntica, numa verdadeira maratona que teve por meta final a amizade, o carinho, a alegria.

Bem hajam a todos que tornaram possível este fim-de-semana inesquecível!

18 outubro 2006

Palavras


Eu queria trazer-te uns versos muito lindos
Por Mario Quintana










Eu queria trazer-te uns versos muito lindos
colhidos no mais íntimo de mim...
Suas palavras
seriam as mais simples do mundo,
porém não sei que luz as iluminaria
que terias de fechar teus olhos para as ouvir...
Sim! Uma luz que viria de dentro delas,
como essa que acende inesperadas cores
nas lanternas chinesas de papel!
Trago-te palavras, apenas... e que estão escritas
do lado de fora do papel... Não sei, eu nunca soube o que dizer-te
e este poema vai morrendo, ardente e puro, ao vento
da Poesia...
como
uma pobre lanterna que incendiou!