14 dezembro 2006

Meu Amor, madurinho...



É assim este nosso amor! Feito de mel e de compotas sublimadas pelas mãos do tempo. Frutas maduras, cheirosas, silvestres, onde se misturam odores de rosmaninho e hortelã. Buliçosas e ferventes até apurarem, calmas e prazeirosas ao tomarem corpo.

Feliz aniversário, meu amor!

29 novembro 2006

Feira do Montado em Portel


FEIRA DO MONTADO - 29 NOVEMBRO a 03 DEZEMBRO 2006


Local: Portel Organização: Câmara Municipal de Portel



Importante pelo papel que tem na conservação da cultura e tradições da região, a Feira do Montado em Portel merece uma visita atenta. Entre outros aspectos: provém os ricos sabores da gastronomia. O artesanato e a produção de artefactos de materiais típicos da região - Barro, cortiça, couros, etc. A música, o Cante e as moças bonitas...

E se mais não houvesse, bastaria o facto de me proporcionar a estadia de 3 (três) dias naquela linda vila alentejana na companhia de 3 (três) belos amigos e respectivas famílias!


Venham a Portel! É gente bonita!


23 novembro 2006

Eu penitente...

ATO DE CONTRIÇÃO


Existe um Deus sobre todas as coisas
e existem as moças branquinhas de pé dançando
de um jeito desengonçado
barriguinha exposta e saliente
talvez de óculos (talvez os tenham guardado na bolsa).

Existe sobre as coisas um Deus de olho
e existem as moças, tão branca a pele e sorrindo
de um modo desavisado
dentes às vezes tortos
talvez descalças (talvez não pintem as unhas dos pés).

Existe sobre tudo um Deus de sobretudo
e existem as moças muito alvas ofuscando
de uma forma desalmada
culotes e celulite
talvez à mostra (talvez lhe peçam para apagar a luz).

Existe Deus por trás de todas as coisas
e existe tudo ao mesmo tempo no mesmo lugar
num tom superior
Deus vai negando onipotente
talvez não ouça (talvez saiba mais do que eu).

D.Pedra

21 novembro 2006

O Desafio do Barras

E para não me chamarem nomes, vou entrar no jogo!


Regulamento: "Cada bloguista participante tem de enunciar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue.


Primeira: Tenho a mania de tentar fazer com que os meus amigos estejam sempre felizes.
Segunda: Na continuação da primeira, tenho a mania que sou engraçado.
Terceira: Na continuação das duas anteriores, tenho a mania que eles gostam de mim.
Quarta: Continuando, tenho a mania que nunca saberei agradecer a amizade deles.
Quinta: E finalmente, para não os perder, tenho a mania de voltar a fazer tudo de novo.


Passo a bola a:

Mahatma Gandi
Irmã Teresa de Calcutá
Martin Luther King
Aristides de Sousa Mendes
Eusébio da Silva Ferreira

15 novembro 2006

Rostos #6




O Cante!



Rostos #5

















Onde andas, miúdo?

Rostos #4


Machine Head!




Rostos #3




















O dever cumprido!

Rostos #2




















O Suão, soprou...

Rostos #1












Dupont et Dupont

Rostos
















Inês Silva.

Sim, sou eu!

13 novembro 2006

Histórias Devidas


Foi no Sábado na FNAC do Chiado.Falou-se de histórias, da vida, da vida com histórias.
Foi curioso associar a história á cara de quem a contou.
Estava cheio.Eu estive lá, e comigo estiveram, no coração, todos os amigos que me ajudaram a escrever, O Charraz, o Zé Lopes, O Cachaço.

Obrigado companheiros!

08 novembro 2006

LURA - M'Bem di Fora


Ontém senti-me, de novo, a pisar o chão de Cabo Verde.

Sem palavras...

S.Martinho





Para quem goste de boa comidinha, num ambiente de excelência, cumprindo a tradição e venerando o Santo, proponho um óptimo magusto e jantar na noite de S.Martinho - dia 10 de Novembro no Restaurante Pé-de-Vinho, em Azeitão.
A juntar aos sabores celesteais terá a oportunidade (e a sorte) de assistir á actuação do Grupo Norte-Sul durante o jantar.


Pé de Vinho
Lugar da Bacalhôa
Rua dos Trabalhadores da Empresa Setubalense, 11
Vila Fresca de Azeitão
Tel.: 21.218.8048

05 novembro 2006

Convívio - Mais um!



Quero agradecer em meu, e em nome do Grupo Norte-Sul, a todos que estiveram presentes no convívio de Sábado. Uma referência especial ao Sr. António e á D. Ercília e seus familiares pelo carinho e amizade com que, mais uma vêz nos receberam em sua casa.

Aos amigos, brindemos pela alegria de viver!

02 novembro 2006

A Propósito...




Juro que a foto foi tirada antes dos 3-0 contra o Celtic!

Ele há gente boa em todo o lado...

Ganhando os dias





Hoje ao visitar o blog da Daniela, www.naturalissima.blogspot.com, não consegui ficar indiferente, como tantas vezes aconteçe, e resolvi publicar uma das fotos trazidas de Cabo Verde. Menos trágica, com mais côr e alegria, quem sabe com mais esperança, mas sempre o mesmo olhar de luta pela sobrevivência no dia-a-dia.

Obrigado Daniela, pela janela aberta.

30 outubro 2006

São Manços, Capital da Amizade!






Pois é, parece que já estou a ouvir alguns de vós a dizer: - Lá anda ele, outra vez, nas patuscadas!
Felizmente, posso garantir que têm razão. Este fim-de-semana aconteceu, de novo, a magia da amizade por terras alentejanas, mais precisamente na vila de São Manços, distrito de Évora.
São Manços é, sem dúvida, o local onde, por metro quadrado, mais se ouve a música dos Norte-Sul. É vulgar entrarmos num qualquer café da terra e depararmos com as nossas músicas a tocar. O grande responsável por esta divulgação chama-se Marcírio e é um homem para quem a amizade é a moeda de troca nas relações com o próximo. Já vendeu, na sua Tasca, como carinhosamente chama ao seu café, perto de 100 CD’s do Grupo, o que para uma pequena povoação do interior é obra, que ele leva a peito, a troco de nada e com muito carinho. Volta e meia está a ligar-nos para Lisboa, dizendo:
- Amigos, já vendi o último cd que tinha. Quando puderem, tragam mais, e olhem, de caminho fazemos aqui uma almoçarada.
De certa forma, estamos habituados que nos recebam bem, é esta entrega total que nos norteia e que nos permite angariar amigos pelas terras onde passamos. Mas as pessoas em São Manços, e que nos perdoem os outros, são verdadeiramente especiais.
Desde as 13H00 de Sábado, quando chegamos, até ás 05H00 da manhã de Domingo no Café do Marcírio, aconteceu um interminável repasto de iguarias só interrompido pelas cantigas e pelos abraços de quem chegava á mesa.
Alguém deu um borrego. E o borrego comeu-se num delicioso ensopado que até Cilarcas (Cogumelos do campo) tinha.
Alguém deu um leitão. E o leitão comeu-se assadinho no forno com batatinhas.
O vinho e a cerveja correram enquanto as gargantas sequiosas pelo canto, assim o desejaram. Gente menos jovem, mas também malta de 16 e 18 anos ajudaram à festa, e é com pouco á vontade (pelo menos para mim) e arrepiante, ver uma Tuna de miúdos a saber de cor as letras do M’águas Passadas. Cantámos tudo, modas novas, modas antigas, modas populares, fado, mornas Cabo-verdianas. O Marcírio, quando alguém entrava na roda, dizia: - Ó Cachaço, canta o ‘Mineiro’ aqui pró meu irmão ouvir!
Tocámos o ‘Mineiro’, ‘O Vinho’, a ‘Olinda’ e outros tantos, vezes sem conta, já sem voz, com os dedos cheios de bolhas (grande Zé Lopes, grande Toni, grande Luciano) mas com o coração cheio de gratidão. E já as corujas se preparavam para dormir quando nós pensámos em fazer o mesmo, e não se espantem, mas até quartos tínhamos á nossa disposição para descansar antes regressarmos a Lisboa.

Foram 16 horas a comer, beber, cantar, tocar, chorar de emoção e alegria, no meio de gente simples, autêntica, numa verdadeira maratona que teve por meta final a amizade, o carinho, a alegria.

Bem hajam a todos que tornaram possível este fim-de-semana inesquecível!

18 outubro 2006

Palavras


Eu queria trazer-te uns versos muito lindos
Por Mario Quintana










Eu queria trazer-te uns versos muito lindos
colhidos no mais íntimo de mim...
Suas palavras
seriam as mais simples do mundo,
porém não sei que luz as iluminaria
que terias de fechar teus olhos para as ouvir...
Sim! Uma luz que viria de dentro delas,
como essa que acende inesperadas cores
nas lanternas chinesas de papel!
Trago-te palavras, apenas... e que estão escritas
do lado de fora do papel... Não sei, eu nunca soube o que dizer-te
e este poema vai morrendo, ardente e puro, ao vento
da Poesia...
como
uma pobre lanterna que incendiou!

14 setembro 2006

O Grupo na Net

Informo, aos interessados, que o disco M'águas passadas, do Grupo Norte-Sul, se encontra disponível na Net em http://www.esnips.com/web/nortesul

A Casa da Micas deu o primeiro passo, ao incluir uma música dos Norte-Sul nesse prestigiado cantinho.

Obrigado, Maria, pela tua atenção.

05 setembro 2006

A casinha da Caló


Mal cheguei de viagem, ainda o jet leg se fazia sentir, e as malas repousavam, cheias, no chão do quarto, já o telefone tocava. Era o companheiro Cachaço a desafiar-me para ir ter com ele a Portel. Adivinhava-se três dias de farra como só os alentejanos sabem fazer. O petisco, era, nada mais, nada menos do que uma caldeirada de peixe do rio feita pelo Ti Canhola e pela Ti Ana. Não conto os pormenores, porque, para isso teria que pôr uma bolinha vermelha no canto do ecrãn do computador, e não sei como o fazer. Adiante.

No Domingo, depois da açorda d'alho, o Zé Lopes, que também estava no grupo, partia para a terra da Caló, sua mulher. Uma pequena povoação, Esperança, perto de Arronches, distrito de Portalegre, Alto Alentejo. Para variar, os penduras do costume foram logo atrás.

No Crato assistimos a um excelente espectáculo com o Carlos do Carmo e o Fernando Tordo a relembrarem o Poeta Ary. Segunda-feira de manhã tivemos que partir para Lisboa. Foi uma breve estadia, mas foi muito gratificante. A hospitalidade do casal já era, por nós, sobejamente conhecida, mas ali, num isolamento perfeito do campo, revestiu-se de outros sabores.

Obrigado a todos os amigos, pela vossa partilha.

04 setembro 2006

De volta!















Entende-se, por viagem, uma partida, uma chegada. Um movimento onde o presente antecede um futuro com data marcada num bilhete de avião, por exemplo.
Por isso, durante a viagem, os sentidos tomam conta do viajante tornando-o num devorador de momentos passados.
A viagem a Cabo Verde foi uma viagem feita com o coração. As formas, as cores, os sons e os cheiros que o coração entende, por vezes são bem diferentes daqueles que nos chegam aos olhos, aos ouvidos, ao nariz, ás mãos.

Não vai o Perdigão, por isso, mostrar imagens ou sons que reteve durante o tempo em que visitou o arquipélago. Apenas o faz em relação aos viajantes, companheiros de sentidos, que de ilha para ilha foi conhecendo e a quem agradece a companhia.

Ao Ernesto Damião, á sua mulher Isabel e ás suas filhotas, verdadeira família de viajantes. À Sandra, à Teresa e à Anabela. Ao casalinho do norte (perdoem-me a falta dos nomes). Ao Gabriel, solitário perdido entre ilhas. A todos que connosco partilharam a magia daquele povo, obrigado.

Mindelo

São cinco horas da tarde. Sinto-me como um sorvete, que alguem, por incuria, se esqueceu de guardar no frigorífico. A pouca roupa que trago cola-se-me como uma segunda pele. Sucessivos goles de água tentam, em vão, repôr a que, constantemente perco em rios que me percorrem o corpo. Como é que esta gente aguenta tanto calôr? Interrogo-me ao mesmo tempo que pergunto à Fátima se falta muito para chegar-mos à tal loja de artesanato “maravilha” onde tudo é autêntico e a preços de “bexiga de camelo”.
- É já no outro lado da rua. Vamos atravessar!
Entrámos. Lá dentro deparo com uma Meca de artigos espalhados, amontoados sem critério aparente, pelo menos para mim, vigiados por dois pouco dissimulados berberes.
Ao menos têm ventoinhas, e logo estaciono o meu afogueado corpo por debaixo de uma delas.
Ao balcão estão duas raparigas. Uma delas, nitidamente, é crioula. Olha para mim de forma complacente com o meu estado, e até lhe noto uma pontinha de piedade. Isso é o suficiente para me fazer mexer e ir ao encontro da Fátima, já perdida entre colares, pulseiras e panos, sei lá de que proveniências. De Cabo Verde não são. Talvez senegalesas ou do Mali a avaliar por algumas estatuetas e máscaras em madeiras que, de todo, não criaram as suas raízes nestas sequiosas terras.
O artesanato de Cabo Verde resume-se a alguns artefactos feitos em casca de tartaruga ou casca de côco, e tem o seu expoente nos produtos da transformação da cana do açúcar: o grogue, o ponche, o mel de cana. Os licores de fruta, de tangerina, de laranja ou de manga também são muitos apreciados, assim como as compotas ou dôces feitos, ainda, à maneira antiga e sem conservantes. Pequenos brinquedos feitos de folha de lata das embalagens também se vêem, mas pouco, assim como as tapeçarias de lã, muito caras e quase exclusivas de alguns ateliers.

Agora já mais refrescado, começo a sondar, de uma forma quase cirurgica a mercadoria exposta, e até a menos exposta, procurando por detrás de ‘bonecadas’, por baixo de prateleiras, rente ao chão, algo que me tocasse, que eu achasse que valia a pena trazer, e aí pensava nos amigos em Portugal e na forma de como lhes passar um pouco do testemunho da minha viagem.

Não dei pelo tempo passar, e quando me apercebi, o balcão da loja encontrava-se meio cheio de embrulhos, feitos em papel pardo. Do meio dos embrulhos saiu a vóz da Fátima, fraca e susurrante, depois de atravessar tantos obstáculos:
- Então, já escolheste as tuas prendas? Trá-las para eu fazer negócio, aqui com a amiga Fátima! Chamava-se Fátima, a crioula que há pouco me olhava piedosamente.
Eu juntei algumas peças que achei interessantes às do balcão. O negócio fez-se, entre propostas e contra-propostas, teios e regateios mais parecendo uma reunião da concertação social. Por fim, acertado o preço, e na altura de pagar, eu em jeito de desabafo e com esta mania parva de brincar com tudo, atiro para o ar:
- Bem, com o que aqui gastamos, não sobrou nenhum dinheiro para o jantar!
A Fátima, que por acaso era crioula, com a voz um pouco embargada pela timidez, mas onde era por demais evidente a sinceridade, disse-nos, olhando-nos nos olhos:
- Isso não pode ser. São meus convidados a jantar em minha casa!
Olhei para a Fátima, que por acaso não era crioula, e revi na sua cara a minha cara. Naquele instante tinhamos percebido o significado da palavra morabeza.

Santo Antão

O ‘Mar d’Canal’ fazia agora parte da terra firme. As amarras que o prendiam ao cais mantinham-no imóvel num reiterado compromisso entre cosa di terra e cosa di mar. Enquanto esperavamos pelo nosso transporte para a visita à ilha, os pés iam-se habituando, de novo, à solidez de um chão que, finalmente, deixara de se mover como se tivesse vida própria.
Em pouco tempo toda a zona portuária se transformara numa enorme Meca, com gente trazendo, levando, gesticulando e gritando a oferecer serviços de transporte e de estiva.

Santo Antão é uma das ilhas mais acidentadas do arquipélago, e a mais exuberante em vegetação. É terra de camponeses que com arte e engenho cultiva as suas íngremes encostas, tentando livrar a água e a terra dos intermináveis abismos. A única pista de avião encontra-se desactivada, penso que desde o acidente áereo ocorrido na ilha nos anos 80. Todos os bens necessários chegam do Mindelo atravessando o Canal que separa as duas ilhas. Assim, enquanto esperavamos, vimos passar sofás, antenas parabólicas, banheiras, cabras e porcos, enfim tudo o que se possa imaginar pertencer ao espólio de uma gigantesca quermesse de feira.

Finalmente o nosso guia, o Morais, lá nos encaminhou para a já familiar Toyota, e iniciámos a grande subida. Mal tinhamos percorrido duas centenas de metros o Morais informa-nos que vamos parar para comprar água ou tomar café, pois esta excursão é non stop. Teriamos que estar de volta antes das seis horas da tarde, hora da partida da única carreira para o Mindelo. Parámos num café sobranceiro à falésia onde se avistava o Porto Novo como um enorme formigueiro, agora visto de cima.
Entrámos no ‘Sereia Azul’, que em pouco tempo lotou com o nosso grupo. Achei estranho não haver ninguém para nos atender, mas pensei: - Estás em Cabo Verde, meu, nada de stress. Os minutos iam passando e nem sombra para nos aviar umas bjecas. O pessoal já estava a desatinar quando reparamos, que mesmo em frente, do outro lado da estrada, um homem, imóvel, contemplava o movimento no cais. Era o proprietário do café, como mais tarde se verificou. A chegada do barco, era a chegada de notícias, dos amigos, da família, e nem estes tempos em que o turismo vinha quebrando algumas barreiras eram suficientes para pôr fim ás lágrimas de uma partida, aos sorrisos de uma chegada.

- Bom dia. O que vão querer, por favor?

Campo da morte lenta


Penso que já tudo foi dito sobre o Tarrafal. O que ele representou, na dura vida daqueles, que por uma sociedade mais justa, tiveram a coragem de lutar contra a ditadura salazarista.
Só posso falar de emoções, comoções, sentimentos desordenados que vão desde o mêdo e o terror até à bravura, coragem e determinação de quem, preso, defendeu a liberdade dos que se encontravam fora daqueles muros.
É isto que se sente quando se transpõem aqueles portões. Sentem-se os passos nas celas, os gritos dos torturados, o definhar pela doênça e pelos maus tratos daqueles que na frigideira, na tortura da água, nos choques eléctricos, na estátua, perderam a vida, mas nunca a dignidade e a razão dos ideais em que acreditavam.


Tarrafal, que nunca mais!!!!

O Zezinho

Oi! Bom dia! Tudo bem? Como vai?

Um aceno, um sorriso, o telefone que não para de tocar. Uma paragem no caminho para desentorpecer as pernas e para dar boleia a alguem conhecido (os transportes públicos são muitos deficitários em C.Verde, e fora das principais cidades, enexistentes). De novo mais cumprimentos, saudações – N’hô Mané, como passa?
É um nunca mais acabar de conhecimentos, amigos e família deste verdadeiro “Papa de Santiago”
O Zezinho é natural do Fogo e veio para Santiago aínda muito criança. Hoje mereçe o respeito de todos, conquistado pela sua singular bondade, quer na capital quer nas vilas do interior onde conhece, literalmente, todo o mundo. Foi o nosso guia-amigo na ilha.

Uma vêz, a caminho da Cidade Velha, passámos pela carcaça abandonada de um carro, e que servia de morada a um macaco – Cabo Verde tem macacos em liberdade. Alguns são capturados e exibidos como animais de estimação – o Zezinho volta-se para o grupo e diz:
- Agora vou cumprimentar um velho conhecido.
E quando o carro passa pelo macaco, o Zezinho estica o braço para fora da janela e saúda o bicho. Então, para espanto de todos, o animal retribui o gesto, levantando o braço de igual forma. Foi gargalhada geral!

A viagem começara com alguma apreensão. Não só pela estreita estrada (?) de montanha que percorriamos, mas também pelo roncar do motor da viatura que, qual fumador atacado pelo catarro, expelia continuas baforadas de fumo negro. Aproveitando uma ligeira descida, meio receoso, meio a brincar, pergunto-lhe:
- Zezinho, este carro tem revisão?
Ele olha-me serenamente com um sorriso e pisa o travão fazendo imobilizar o carro com uma chiadeira infernal.
- Não há problema, agora já tem máquina de revisionar viaturas. Se a máquina estiver boa, a revisão também está!

Com um humor só proporcional à sua bondade o Zezinho descreve-nos a sua terra, as suas gentes. Histórias do passado, histórias que serão de esperança num futuro ansiado por quem pouco tem de seu, e por ter pouco a perder se lança numa desigual luta contra a adversividade.
- Aqui, à esquerda, é o Palácio da Justiça. Foi feito pelos chineses e entregue ao Governo de Cabo Verde.
Andamos mais uns metros, e ele continua:
- Além, à direita, é o Palácio do Governo. Foi feito pelos chineses, sem qualquer encargo para o Governo de Cabo Verde. Mais adiante, continua:
- Aqui temos o Centro de Congressos. Foi feito pelos chineses, também.
Chegados à Cidade Velha, defronte das antigas muralhas de uma construção militar, diz o Zezinho:
- Aqui é o Forte de São Filipe, construido pelos portugueses nos finais do Sec XVI. Ainda hoje os chineses andam amarelos de raiva por não o terem construido!

Obrigado Zezinho por nos revelares a grandeza de Cabo Verde.

Amigos da Praia




Um abraço a todos!

Santiago

Cidade da Praia, 21 de Agosto, 18:30 horas.

Tinha-mos acabado de chegar de um percurso pela ilha. O duche aliado à climatização do quarto do hotel quase que fizera esquecer o calor húmido e sofucante do dia.
Peguei no telefone e liguei o número que trouxera desde Lisboa num e-mail trocado a tres: Eu, o Rogério Charraz e aquele que seria o nosso contacto na cidade. O Pedro Pereira.

- Pedro?
- Sim...
- Fala o Zé Manel, amigo do Charraz...
- Olá amigo, tudo bem? Onde está?
- Estou na Praia, no hotel PraiaMar. Acabei de chegar duma excursão pela ilha.
- Ok. Quantos são voçês?
- Somos dois. Eu e a minha mulher, a Fátima.
- Fazemos assim: Refresquem-se, descansem um pouco. Eu passo aí para vos apanhar por volta das 19:30 horas, para jantarmos. Levo uns amigos comigo. Combinado?

Foi a nossa primeira conversa, mas já se faziam notar alguns dos aspectos da personalidade deste Portugûes da Alcântara, há cinco anos residente em Cabo Verde: Objectividade; simplicidade e gosto de bem receber.

Fomos ‘petiscar’ a uma casa onde já eram clientes habituais. Connosco, alem do Pedro, estavam as suas duas filhotas, encantadoras, e que de uma forma natural, como se fossemos velhos conhecidos se entregaram à conversa, sobretudo com a Fátima. Pouco depois chegou o Francisco, a Conceição mais a filha do casal, e a noite começou. E começou bem, com caipirinhas que regaram, entre outros piteus, uma carne sêca com feijão, que tão depressa não me voltará a passar pelo estreito.

Daqui, o que eu quero salientar, é que nenhum deles nos conhecia. Não sabiam que tipo de pessoas éramos, e desde o primeiro momento, abriram-nos as portas do seu mundo, sem falsos pudôres, de uma maneira franca e honesta. Contaram-nos os seus bons momentos mas também nos contaram os menos bons e da forma como se entreajudavam para os ultrapassar, vencendo as naturais dificuldades naquelas terras estranhas onde eram emigrantes.
Pessoas simples e serenas, com o gosto de partilhar e a arte de bem receber, e no final da noite já todos nos tratavamos por tú.
Ao Pedro, ao Francisco, á Conceição e ás três lindas meninas, os nossos enternecidos agradecimentos pelos momentos que nos proporcionaram.


Ah, é verdade, só para que conste. O Pedro Pereira é Director de Distribuição da Electra. O Francisco é Director de Um Banco. A Conceição foi representante da TAP em Cabo Verde, neste momento trabalha na Embaixada de Portugal.

Sal

Fonte de nha sodade

Êxe spancadura que bo ti ta uvi
ca ê roncadura de pómba, nem vôo de pardal,
Ê bo coraçom ta crê saí
desse peite que ti ta pertál.


Paré:
Li ondê que já tive um horta,
hoje ê sô um pórta
pa mundo de bo ôte idade,
bôs lembrança ta speróbe.
Bá nh'armom, bá, bá mata sodade!....

Sérgio Frusoni (Cabo Verde)

TRADUÇÃO

Este espancar que estás a ouvir,
não é marulhar de pomba, nem voo de pardal.
É o teu coração a querer sair
desse peito que o está a apertar.

Pára!
Aqui onde já houve uma horta,
e hoje é apenas uma porta
para o mundo da tua outra idade,
as tuas recordações esperam-te.
Vai irmão, vai matar saudades!....

« Todo este campo foi, outrora, uma jardim verde. Abundante de produtos hortícolas: Batata, feijão, tomate, bananeiras, coqueiros, tâmareiras, mangueiras. O milho era tão alto que uma pessoa tinha que o vergar, debaixo dos pés, para encontrar o caminho onde pisar. Isto contava-me a minha avó, quando menina para aqui vinha trabalhar nas terras da família. Hoje é esta desolação de pedras e pó, onde nem os lagartos aguentam uma vida tão dura.»
Assim soavam as palavras do nosso guia Edy, soluçadas pelos solavancos da Toyota de 12 lugares que percorria aqueles caminhos pedregosos, levando o grupo que partira da vila de Santa Maria do Sal até as “Terras das Miragens”.
Edy é um crioulo nascido no Sal, a quem, pelo seu empenhamento e esforço foi facilitada a educação em Portugal. Hoje, com 25 anos e um curso de relações públicas, Edy é um dos muitos guias turísticos a operarem na ilha. « Trabalho bom. Limpo. Conhece-se muita gente. Mas tô penssando dar o salto pra longe. Não sô galo de capoeira, não,»

O Sal. Foi sem dúvida a menos atraente das ilhas do arquipélago que visitei.
Os hoteis, resorts e estâncias sucedem-se a um ritmo alucinante. As filas no balcão das toalhas de praia, a louca corrida ás espreguiçadeiras da piscina ou o ataque kamikaze ás mesas do buffet quase me faziam esquecer a morabeza com que fora recebido nas ilhas por onde passei. O turista pé-descalço, aquele que, de máquina em punho, filma as mesas do pequeno almoço no hotel (eu vi, não é treta) enche por completo a ilha. Famílias numerosas de seis ou sete pessoas, com crianças em constantes birras, casais de meia idade a discutirem na praia porque ele não tira os olhos da loura que a seu lado se encontra, lânguidamente deitada e que lhe exibe os naturais atributos. Enfim, de tudo um pouco, a lembrar um típico domingo nas praias da Costa de Caparica.

O assalto por senegaleses em constantes tentativas para vender bugigangas, ditas artesanais, que nada têm a ver com o artesanato, pobre, de Cabo Verde, tomava porporções surrealistas, ao ponto de te colocarem sucessivos colares ao pescoço na esperança de que, pelo menos um, tu irias comprar.

Felizmente que foram só dois dias e que eu trazia indicações dos melhores sítios onde comer, gentilmente passadas pelo nosso amigo Pedro Pereira aquando a nossa estadia na cidade da Praia. Aqui fica o registo simpático da nossa passagem pelo restaurante Mateus onde a boa culinária e a simpatia do proprietário aliada a uma música tradicional tocada ao vivo e sem microfones foi o bastante para fazer renascer em mim o espírito simples e sincero das gentes de Cabo Verde.

E como para confirmar a regra existe sempre uma excepção, quero aqui contar a perola que em todas as minhas crónicas sobre as ilhas que visitei em Cabo Verde sempre acontecerá.

Uma noite, vinhamos do jantar no Mateus, a caminho do hotel, quando demos pela presença de uma figura que sentada no passeio parecia remexer em algo á sua frente.
- Não deve estar a vender nada, pensei eu. Ali, quem queria vender alguma coisa corria atraz dos possíveis fregueses. E avançei, já disposto a não parar. Mas nestas coisas da alma, a Fátima tem um sexto sentido, raramente se engana, e de repente, diz-me: -Vamos ver o que está a fazer!
Quando chegamos, vimos um homem, ainda novo, não deveria de ter mais de trinta anos. Mas pelo seu aspecto, descalço e de parca vestimenta, aparentava pelo menos cincoenta. Á sua frente tinha um montículo de pequenas conchas, búzios que a maré trouxera para a praia onde os recolhera. Respondera á nossa saudação com um «boa noite amigos» sem levantar os olhos do que estava a fazer, retirara uma agulha de dentro do caos organizado que era a sua cabeleira de rastas e com ela furava os pequenos búzios que enfiava, entrecalados, com contas coloridas num pedaço de nylon. Disse que se chamava Imanuel, mas que todos o conheciam por Ima. Não tinha família ou outros bens. Dormia na praia, vivia do que lhe davam e da magra receita dos seus trabalhos com conchas. Não lamentava a sua sorte. Esta era a vida que lhe fôra dada. Aceitava-a com a submissão de quem crê que todos os homens têm o seu destino escrito á nascença.
Perguntou-nos de onde eramos. Respondemos que eramos Portugueses, de Sintra.
Nunca tinha saído de Cabo Verde, mas um amigo em tempos lhe dissera que Sintra era a última paragem de uma linha de combóios.
A pulseira de búzios ficara completa. Deu-lhe um nó nas extremidades, levantou os olhos para a Fátima. Uns olhos de um azul claro onde morava o mar de Cabo Verde, e disse: - esta é para ti. É uma oferta!
Seria apenas mais uma dissimulada maneira de ganhar dinheiro? Seria uma manhosa artimanha de levar a vida? Não acredito! Fosse o que fosse, o Ima veio connosco no coração! Abri a minha carteira e quase que a despejei nas suas mãos. Não sei quanto lhe dei. Ele também não soube quanto recebeu. Guardou o dinheiro sem o contar. Levantou a mão, num gesto de agradecimento e olhou-nos com a força do oceano.

Não consegui tirar-lhe uma fotografia. Deixo ao tempo a tarefa de lhe moldar o rosto sempre que nas minhas recordações eu evocar aquelas ilhas de gente gentil.

11 agosto 2006

Nos terra é Cabo Verde!

(autor desconhecido)



Pois amigos, chegou a hora do Perdigão ir a banhos!
Cá estaremos, se não ficarmos presos pelos encantos, em Cabo Verde, a meio de Setembro.
Desejo óptimas férias para quem vai, paciência para quem fica.

Abraço.

10 agosto 2006

É pró menino e prá menina!















Finalmente viu a luz do dia! O novo disco dos 'Norte-Sul' acabou de sair!
Aqui deixo o meu agradecimento a todos que, directa ou indirectamente, nele participaram, aos meus companheiros de cantigas, aos excelentes músicos convidados - Eduardo Salgueiro e Carlos Lopes, ao nosso produtor Rogério Oliveira, aos técnicos de som Vasco Ribeiro e Silvio Macedo, aos meus amigos dos 'Boémia' Charraz, Marco e Sapito pelo carinho desde a primeira hora. Aos meus colegas de trabalho e ás famílias dos elementos do Grupo, pelo apoio na distribuição e divulgação do disco.

Agora é comprar, pessoal. São só 5 aerios! e ficam habilitados, num sorteio, a um garrafão de vinho da Adega de Pias!

A todos, bem-hajam.

07 agosto 2006

Canto da Terra






Quem não esteve lá perdeu por isso.
Silveira, Torres Vedras, 6 de Agosto, 23H00, espectáculo dos 'Canto da Terra'
Excelentes músicos, excelentes comunicadores num concerto pleno de energia onde a música tradicional foi rainha. Se puderem não percam o próximo e consultem o site do Grupo em www.cantodaterra.net é uma verdadeira enciclopédia cultural.

Um agradecimento a todos pelos bons momentos que nos proporcionaram, e a ti Doc, aquele abraço de amizade!

24 julho 2006

Sobre a Lei do Mecenato

O motivo que me leva a escrever este post não é bem sobre a Lei do Mecenato, mas está relacionado, como poderão constatar.

Chegou o dia em que o Grupo 'Norte-Sul' se tornou um GRUPO á séria e deixou de ser um grupi. A partir desta semana faz parte do nosso vastíssimo património uma viatura para transporte da Banda e seus acessórios.

Assim, informa-se a quem quizer beneficiar das condições do Mecenato, a possibilidade de patrocinar a aquisição da viatura, inscrevendo a marca, o logotipo, ou a frase da empresa na cuja dita. Aceitamos tudo (até declarações de amor).

Aqui ficam algumas imagens da máquina.




FACARTE 2006



Dias 4,5 e 6 de Agosto de 2006, Tem início a FACARTE 2006, 12ª Feira de Agricultura, Caça e Artesanato do Concelho de Tavira.

O Grupo 'Norte-Sul' estará presente no dia 4 (Sexta-Feira) pelas 22H30 em Conceição de Tavira.

Reservem, desde já, as vossas entradas pois como sempre a lotação (e o vinho) esgota para ver e ouvir este prestigiado bando.

Os autocarros partem do Campo das Cebolas, em Lisboa, da estação da Campanhã no Porto e por via marítima o ferry ancorado na Ilha das Berlengas.

Mais informação:
http://www.jf-conceicaodetavira.pt/index.php?article=22&visual=1&id_area=6

VII Intercéltico de Sendim



Dias 3, 4, 5 e 6 de Agosto 2006

Os irlandeses Lúnasa, os galegos Berroguetto, o mirandês Célio Pires, os Mielotxin de Navarra, o mediático asturiano Hevia e os também asturianos DRD são alguns dos argumentos do excelente cartaz da sétima edição do Festival Intercético de Sendim.

06 julho 2006

Ordem do Dia

Para os interessados, aqui faço saber que o Grupo Norte-Sul (esses prodígios) vão tocar e cantar num espectáculo de música popular portuguesa organizado pela Santa Casa da Misericórdia de Venda do Pinheiro, dia 08 de Julho, (Sábado) pelas 17H00 no Largo de Santo Estevão das Galés. A entrada é livre (o cachet também.)

Quem estiver deprimido, farto da vida, na fossa e se quizer curar, vá ter connosco.
A partir de agora, estas informações serão acompanhadas com o mapa rodoviário, tendo como partida Lisboa e o destino em causa, da Via Michelin. (Para ver se se calam umas bocas).



Abraços.

02 julho 2006

Orgulho!


Depois de termos tocado, Sexta-feira, na Associação "O Companheiro" em Benfica, de termos sido recebidos como princípes, e de constatar-mos o importante trabalho voluntário que naquela instituição se desenvolve - O nosso obrigado à Drª Fátima e a todos os seus colaboradores, os Norte-Sul rumaram, ontém, ás terras quentes do Alentejo.Concretamente a Santa Margarida do Sado - Concelho de Ferreira do Alentejo. E meus amigos, não sei se foi pela maneira como fomos, desde sempre, recebidos, se pela alegria da vitória sobre Inglaterra, se pelo facto de nessa Festa estarem, também a participar os nossos filhotes, o Grupo Instumental "Os Lírios do Campo" de S.Marcos do Campo, Reguengos de Monsaraz, esta actuação do Grupo Norte-Sul teve um sabor especial.

Nossos filhotes perguntam vocês?
Pois, não é gralha não. Este Grupo constituído na totalidade por jovens, tem uma forte ligação com os Norte-Sul. Aquando da sua formação tiveram de nós um pequeno empurrão, e eu digo pequeno porque eles têm a garra e o talento necessário para se afirmarem no panorama da música tradicional na área geográfica que representam. De ínicio, os nossos compositores de serviço deram uma mãozinha no reportório dos "Lírios", e ontém fiquei deveras orgulhoso de ver aqueles jovens a cantar e a tocar composições suas.

Quem por aqui anda, nestas coisas da música, sabe da dificuldade em levar adiante um projecto, em manter coeso um grupo, em apostar na diferença sem cair na tentação apimbalhada duma corrente musical mais lucrativa. E quando nos deslocamos para o interior, onde as oportunidades escasseiam de uma forma mais dramática, então o esforço é maior, a luta toma proporções por vezes desumanas.

Mas eles aí estão de pedra-e-cal, com o apoio dos pais que se desdobram em apresentadora - a mãe; técnico de som - o pai, e o avô ensaiador, que não os larga...

E é sempre uma emoção, quando no palco, nos encontramos, pais e filhos, Norte-Sul e Lírios, cantando e tocando uma mesma canção, uma mesma vontade, uma mesma amizade.

E a ti Zé Belo, quero-te dizer, que este espaço estará sempre aberto ás vossas iniciativas, ás vossas opiniões, aos vossos anseios sempre que o desejarem.
Até á vossa Festa em S.Marcos do Campo, um abraço dos vossos pais.

E assim terminou mais uma viagem ao meu querido Alentejo. Nem tudo o que se viveu se pode encontrar no significado das palavras. Os sabores do enssopado de borrego, o arroz-dôce, o vinho, a música, a amizade, os rostos familiares de quem faz da vida uma partilha.

Aqui ficam algumas fotos, sem comentários.

PS - Vão pondo os olhos no 12º elemento dos Norte-Sul, o elemento sombra mais conhecido por 203.

30 junho 2006

Temos Homem!

Depois de uma estadia no hospital, a vóz dos Norte-Sul encontra-se recuperada.
Assim, mantêm-se as actuações para hoje - Associação "O Companheiro" em Benfica, e amanhã no Alentejo - Santa Margarida do Sado.
Nunca é demais, louvar, o esforço e a dedicação de quem neste Grupo milita, pois de militância se trata, e no caso do António Cachaço, pelo seu exemplo de coragem e altruísmo, pelo respeito que dedica a todos quantos nos têm solicitado, com a nossa música, com a nossa alegria, tornar mais sã, mais autêntica a relação entre os Homens.
A continuação de uma boa recuperação lhe desejamos.

Agora só falta, quem puder, estar connosco em Benfica ou no Alentejo! Uma coisa lhes prometo, animação e alegria não faltarão!

Viva a música portuguesa, Viva a amizade!

27 junho 2006

DVD dos Boémia














Já se encontra disponível em DVD o Concerto que os "Boémia" deram em Faro.

É um trabalho completo, onde além da actuação da Banda se podem ver imagens nos bastidores, making off, circuito nocturno pelos bares da cidade, imagens inéditas de FIGO, cenas escaldantes no quarto '203' e uma fantástica demanda em busca de um estranho galo que ninguem ouviu cantar...

Este DVD só pode ser solicitado nas instalações da produção, na Tapada das Merçês.

Os interessados podem fazer aqui neste blog as inscrições, indicando o dia e a hora que mais convier.

A produção

23 junho 2006

Joaninas

Querem comer, beber, bailar e passar uma tarde entre amigos? então venham connosco ao arraial dos Bombeiros Voluntários de Paço d'Arcos, no Jardim de Paço d'Arcos (aquele, mesmo juntinho à Marginal)amanhã, sábado 24, pelas 17H00.
Sardinhada, febras, coiratos, chouriço assado, sangria e outras vitualhas acompanhadas pela música popular dos Norte-Sul

Vá lá, ajude os Voluntários, é por uma boa causa!

Abraços

22 junho 2006

Trivialidades

Resolvi publicar este comentário feito por Naia Castro num 'Post' anterior de forma a que fique mais visível para quem aqui vem (Naia, tem que deixar de postar nos atrazados)

Palavras para quê? é Naia Castro no seu mais puro, contraditório e arrojado discurso, pleno de desafios e que dá a este humilde espaço a intelectualidade que nunca ousou ter.



«Sr Perdigão,


Hoje gostaria de lhe falar de trivialidades... de coisas ditas “normais”... do dia-a-dia, compreende? De coisas a que ninguém dá importância, em que ninguém repara e que normalmente tropeçam sempre à frente do nosso nariz ... e não as vemos...

1ª Trivialidade

Há uns tempos uma colega de trabalho dirigiu-se a mim porque precisava de uma informação e começou:
- “Olhe desculpe, eu...”
Não a deixei continuar e perguntei:
- “Desculpo” do quê?
Perplexa e olhos nos olhos com aquela forma incisiva que tenho de travar as pessoas, respondeu:
- Desculpe, de nada, é uma forma de falar.
Ao que eu respondi:
- “Pois, é que quando se pede desculpa deveria ser por qualquer coisa que se faz, mas então diga lá o que quer.”
- “Sabe eu precisava de uma informação e sei que não é a si que devia perguntar, mas”...
Interrompi-a novamente:
- “Se não é a mim que deve perguntar, não pergunte”.
Cada vez mais atrapalhada, respondeu:
- “Bem, não era nada disto que eu queria dizer”
Tive que interromper, de novo e com voz autoritária mas a sorrir respondi-lhe:
- “Oh mulher! Vá directa ao assunto e diga o que quer, sem pedir desculpa, sem dizer que não devia dizer!”
Sorriu, respirou de alívio e sem rodeios foi directa ao assunto, disse o que realmente queria dizer, dei-lhe a informação, agradecemo-nos mutuamente e ela foi-se embora.

(É tão mais fácil, tão mais simples quando dizemos o que queremos, quando somos autênticos... detesto tretas! Não me venham com tretas! Parem de usar o “desculpe” para tudo e para nada! Parem de usar frases feitas para aplicar sem sentido nenhum!)

2ª Trivialidade

Com alguma regularidade tenho reuniões de trabalho. Mesas c/ blocos, canetas, águas, tudo a rigor. Habituei-me a reparar que no final das reuniões a maior parte das pessoas deixa as garrafas de água, ainda com água e estas teêm que ser deitadas fora. Normalmente sou a única pessoa que leva a garrafa consigo, quando ainda tem água e a consome até estar vazia.

(Habituei-me a reparar porque faz uns anos que vi um programa sobre os recursos naturais do planeta....O degelo das calotes, o aumento das temperaturas, a falha tectónica que percorre o planeta e teima em avançar e dá a ideia que nos há-de separar, daqui a uns milhões de anos em duas partes, uma para Norte e outra para Sul, a devastação da amazónia em troca do vil metal, o Kilimanjaro a ficar careca, o aumento de tempestades de areia – ai o Sahara, tão longe e cada vez mais perto – enfim, um sem número de coisas que me fazem sentir a vida tão breve, tão especial e tão estúpida.... sabe porquê Sr Perdigão? Porquê que passei a olhar as garrafas de água no final das reuniões? Porque nesse programa diziam que, em média, na Índia, morre uma criança por dia, com sede. Mais palavras? Mais trivialidades? Pois bem!)

3ª Trivialidade

Faço parte do povo. Do povo real (e com muito orgulho!). Mas há que definir de que “Povo” estou a falar: do povo que sai cedo e volta tarde, do povo que tem prestação no final do mês, do povo que se debate com um lugar, no fim do dia para arrumar o carro na chamada AML (adoro estas siglas – Área Metropolitana de Lisboa!). Esclarecido o conceito de povo (eu e os conceitos!), a 3ª trivialidade é sobre a atitude no arrumanço dos carros . Tenho uma postura muito crítica e pela segunda vez me orgulho da minha pessoa e ainda dentro do mesmo parágrafo (Oh Sr Perdigão, hoje até estou com sentido de humor...). Porquê o orgulho próprio? “Elementar”, meu caro amigo:

- porque nunca “tranquei” nenhum carro;
- porque quando recorro ao arrumanço nos passeios preocupo-me em verificar se ficou espaço para os peões passarem sem terem que recorrer à estrada;
- porque não me importo de sair 7, 8, 10 minutos mais cedo para ir buscar o carro à única praceta onde arranjei lugar;
- porque nunca, nunquinha mesmo molhei ninguém em dias de chuva! E a esta não faço comentários – esta é só para prós e para o povo, porque só o povo sabe o que é estar numa paragem de autocarro, ou a andar num passeio, em dia de chuva e ser banhado pelos automóveis!

4ª Trivialidade

Bla bla bla e bla e blablabla.

5ª Trivialidade

Bla, bla, etc, etc. Etc.

Sr Perdigão, desde início que disse que considero cada vez mais importante sermos cuidadosos, atentos, disciplinados... e não é só com os conceitos e com as ideias... aliás, como já deve ter percebido as ideias só se atingem pela praxis e a existência é um precedente.... hoje tentei falar do cuidado com as palavras... em não usa-las sem sentido... com o cuidado com os terceiros... ai ai os terceiros!

Acho piada que nunca vemos os terceiros como vemos os “nossos”. Ficamos lixados com “f” quando alguém fala mal da “nossa” mãe, do “nosso” pai, do “nosso” irmão, dos “nossos”, compreende? Mas afinal os outros, os “terceiros” também têm os “nossos” (que são deles).

A piada (sem piada nenhuma!) está em que:

- para além das “nossas” mães, as mulheres do mundo inteiro são, já foram ou virão a ser, também, mães de alguém;
- para além dos “nossos” pais, os homens, do mundo inteiro são, já foram, ou virão a ser, também pais de alguém;
(quer que repita a frase para os irmãos, para os tios, para os outros parentescos?...)

A piada (sem piada nenhuma!) está em que a minha mãe se tiver um acidente na estrada porque não tinha passeio para andar é uma tragédia. Mas se for outra mulher qualquer, por sinal potencial ou efectiva mãe de alguém isso não me lixa absolutamente nada.

Mas a pior piada disto tudo é que se os meus filhos nascessem na Índia, principalmente se fizessem parte da Casta dos Intocáveis e um, ou dois, fizesse parte das estatísticas daquele programa que vi, seria a tragédia (para mim obviamente!).

Porque na realidade eu até estou em Portugal e a água do Luso, do Fastio e das mais belas serras deste país é deitada fora no fim das reuniões, porque nem todos tinham sede.


(...)

O mundo está demasiado cheio de trivialidades, de “coisas do dia-a-dia”...

Agora até gostava de ver o nosso “amigo sem medo” vir-me com as teorias da Essência... Ou outro amigo qualquer (seu e/ou meu) vir-nos com as teorias da Essência... da necessidade hipócrita que todos têem em moralizar, em etiquetar, em pintar de azul o negro da brevidade destas míseras existências... 6, ou 8, sei lá, ou 9 biliões de existências! No mais belo planeta do Universo! No único em que podemos respirar! No único em que há as cores do arco-iris, no céu, na terra...Com uma vida tão breve! Tão mísera! Tão mesquinha! Tão hipócrita de teorias! Até um cetáceo tem maior esperança de vida que nós! Até a águia nos dá lições de rejuvenescimento para durar em média 70 anos!

Tanta trivialidade Sr Perdigão!

E eu aqui a gozar da vida e da saúde! Morrerei ainda hoje? Amanhã? Daqui a 20 anos? Que farei até lá? Por mim, pelos outros, pelos “nossos”, pelos “terceiros”, pelo país??? ... Que tretas irei dizer aos que vierem ver o que deixei?

Que tretas existencialistas, essencialistas, morais ou religiosas, que sistema ideológico, económico ou político vamos inventar para desculpar e remediar a trampa toda que aqui andamos a fazer?

Com sorte isto ainda rebenta primeiro e não teremos nada para dizer. Com sorte até teremos um ordenado razoável e pagamos, comemos e não refilamos!

Com sorte este fim de semana prolongado hei-de descobrir um oásis, divertir-me a valer, ocupar o meu espaço e não pensar mais na Índia!

Agradeço, Sr perdigão! Agradeço sempre e já sabe porquê... Porque estou aqui!

Naia Castro»

19 junho 2006

Rescaldo

O concerto de Sábado foi óptimo. Os músicos mostraram aquilo de que são capazes. Depois do espectáculo veio a descompressão da tensão acumulada, e aí a Banda fêz jus ao seu nome. BOÉMIA

Em meu nome e da Fátima, o nosso reconhecimento pela amizade e carinho com que fomos brindados.

Deixo aqui algumas fotos, sem comentários...











14 junho 2006

Todos a Faro!












Começem a fazer as malas, atestem o depósito das viaturas e rumem até ao Jardim da Doca de Faro porque os 'Boémia' vão dar um concerto no Sábado dia 17 deste mês, pelas 22H00. O concerto é ao ar livre, a entrada não é paga e vai estar repleto de gente gira - só da Tapada das Mercês são 2 autocarros cheios -

A sério, é uma oportunidade de ver e ouvir a excelente música de uma banda que já gravou com o Fausto, o Luis Represas e o Luis Pastor, e que em Faro se apresenta com a sua formação mais completa.

Vá lá, não faltem!

13 junho 2006

Efeméride






Poeta de um obstinado rigor. Fáz hoje um ano que morreu Eugénio de Andrade.
Para quem, com as suas palavras o viveu, aqui ficam algumas...




Última Canção


Se puderes ainda
ouve-me, rio de cristal, ave
matutina. ouve-me,
luminoso fio tecido pela neve,
esquivo e sempre adiado
aceno do paraíso.
Ouve-me, se puderes ainda,
Devastador desejo,
fulvo animal de alegria.
Se não és alucinação
ou miragem ou quimera, ouve-me
ainda: vem agora
e não na hora da nossa morte
- dá-me a beber a própria sede.

Antoninas







Começaram ontem, em Lisboa e arredores. O Grupo Norte-Sul esteve na Parede.
Houve música, sardinhas, manjericos e... caras bonitas.
Obrigado aos meus colegas e familiares pela sua presença. É sempre agradavél encontrar amigos entre a plateia.

Viva o Santo!

07 junho 2006

Aniversário






Ontem nasceu uma nova Fundação! Longa vida se deseja!


Parabéns Sapito!



«Procura-se um amigo!
Não precisa ser homem, basta ser humano,
basta ter sentimentos, basta ter coração.
Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir.
Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro,
de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa.
Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.
Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar. Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objectivo deve ser o de amigo.
Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo.
Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.
Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo.
Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive!...»

GRANDE VINICIUS DE MORAES

30 maio 2006

Em busca do sentido da vida




Foi o meu primeiro encontro com Haruki Murakami. Não podia ter corrido melhor!

Um romance carregado de poesia! Não o percam, por favor!



"Kafka à Beira-Mar narra as aventuras (e desventuras) de duas estranhas personagens, cujas vidas, correndo lado a lado ao longo do romance, acabarão por revelar-se repletas de enigmas e carregadas de mistério. São elas Kafka Tamura, que foge de casa aos 15 anos, perseguido pela sombra da negra profecia que um dia lhe foi lançada pelo pai, e de Nakata, um homem já idoso que nunca recupera de um estranho acidente de que foi vítima quando jovem, que tem dedicado boa parte da sua vida a uma causa- procurar gatos desaparecidos.
Neste romance os gatos conversam com pessoas, do céu cai peixe, um chulo faz-se acompanhar de uma prostituta que cita Hegel e uma floresta abriga soldados que não sabem o que é envelhecer desde os dias da Segunda Guerra Mundial. Assiste-se, ainda, a uma morte brutal, só que tanto a identidade da vítima, como a do assassino, permanecerão um mistério.
Trata-se, no caso, de uma clássica (e extravagante) história de demanda e, simultaneamente, de uma arrojada exploração de tabus, só possível graças ao enorme talento de um dos maiores contadores de histórias do nosso tempo."

(Comentário de Fnac, Livrarias)

29 maio 2006

Déirin Dé




"Os Déirin Dé, são uma banda de música celta. Constituída por seis músicos, sendo quatro alemães de origem irlandesa, um inglês também ele de origem irlandesa e uma irlandesa radicada aqui na alemanha.
Dois destes elementos trabalham comigo no voluntariado de uma Organização de acolhimento de crianças.
Ao contrário do que se possa pensar lá fora, aqui como em todo o mundo, infelizmente, também existem muitos problemas sociais, muita miséria camuflada e, é exactamente nas crianças inocentes, onde esses problemas atacam mais forte.
É na categoria de voluntários que estes seis fantásticos darão amanhã, 6ª feira, aqui na cidade, um concerto de beneficência que, espero, tenha o maior sucesso e vá de encontro aos objectivos por nós sonhados.
Se todos dermos algo de nós, ainda que muito pouco, teremos todos a possibilidade de crescer até ao sol..."


(Retirado do Blog da Casa da Micas, uma compatriota que reside na Alemanha, e que podem visitar no Link, aqui ao lado. Não se vão arrepender!)

22 maio 2006

O Código d'Avintes


Sete amigos juntaram-se para fazer uma brincadeira: escrever um romance a sete mãos. Daí resultou "O Código d'Avintes".

Está mesmo a sair o novo romance. Dia 8 de Junho na Feira do Livro de Lisboa, pelas 18H00, com apresentação de Raul Solnado. Decerto que o humor fará parte do enredo.

Não percam este livro dos mesmos autores de "Os Novos Mistérios de Sintra", entre eles o amigo Zé Fanha. Eu não vou perder!