07 maio 2009

Tá com a força toda

Estimado Sr Rogério Charraz, (Não devia ter enviado foto...Não resisto a uma análise “endo-morfológica”.

Já devia saber isso! Sou pior que as ciganas para lerem a sina... E, por outro lado, finalmente um rosto! E, ainda, agora que o vejo já deixei de o ver...)

Rosto tipicamente cristológico (até tem olhos azuis)... nunca percebi porque estereotiparam a imagem de Jesus de Nazaré, de preferência com olhos azuis.
Robert Powell terá sido o actor que melhor definiu os estereótipos cinematográficos para este rosto.
Se a sua foto chegasse a um destes realizadores, em particular no final dos anos 70...
Bem, obviamente tem um rosto com formas que exprimem circunspecção e alguma reserva e timidez. Em termos formais origens marcadamente mediterrânicas (cor de cabelo, nariz afilado, traços curtos e secos com ossada bem definida).
No entanto não deixa de ter intercâmbios nórdicos – pele muito branca e olhos muito claros. À parte da rigidez do rosto (os mediterrânicos e médio orientais têm rostos considerados rígidos por serem afilados, magros e de ossadas “fechadas”) tem um sorriso que transmite abertura, espontaneidade, mas alguma busca de tranquilidade.

Deve ser uma pessoa de trato agradável, mas arrisco dizer que apenas se manifesta se tiver algum à vontade, preferindo ficar calado e observante perante o que desconhece ou não entende. O olhar transmite perspicácia. As suas palavras transmitem grande sensibilidade (até porque tenho consciência que não sou alvo fácil) e o Sr Rogério acertou em pleno – o tempo, as contrariedades, as arguras, em mim, têm tido efeitos adoçantes e, por outro lado, a minha preocupação com o estado das coisas é cada vez menor, pois vejo cada vez mais e maiores sofrimentos à minha volta.

Vejo Homem de costas voltadas para si mesmo e para o Essencial.
Faço minhas as palavras de Elis Regina em “Os nossos pais” – “Vejo vir vindo no vento o cheiro de uma nova estação”.
Mas acrescento – antes disso vamos passar muitos e duros invernos e pressinto que muitos vão sucumbir e serão, primeiro e sempre, os mais fracos, os mais pobres, os mais pequenos e os mais novos.
Sofro muito com o sofrimento do mundo, porque os que sofrem são os que menos podem e, em particular, no caso das crianças... tranca-se-me o coração!

Sr Rogério – parabéns quebrou barreiras comigo (entenda-se o figurativo, obviamente) e tem um rosto que as raparigas devem gostar.
Da minha parte vejo apenas alguém bastante sincero e puro, mas com demasiada necessidade de racionalização, em particular face ao desconhecido.

Entretanto e correndo o risco de ser oportunista (mas a causa é bastante altruísta) faço um apelo aos Srs.
Recebi hoje uma mensagem interessante a respeito da (falta) água que, como sabem, é uma das minhas grandes preocupações e espero que não seja mais uma trapalhada de angariação oculta de publicidade e promoção indevida à custa de sofrimentos reais – p.f. visitem e divulguem – vendo-vos o peixe como me venderam a mim:
"Arrancou esta semana em Portugal um projecto pioneiro de solidariedade. A água embalada Earth Water é o único produto no mundo com o selo do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), revertendo os seus lucros a favor do programa de ajuda de água daquela instituição.A nível nacional, a Earth Water é um projecto que conta com a colaboração da Tetra Pak, do Continente, da Central Cervejas e Bebidas, da MSTFPartners, do Grupo GCI e da Fundação Luís Figo.Com o preço de venda ao público (PVP) de 59 cêntimos, a embalagem de Earth Water diz no rótulo que «oferece 100% dos seus lucros mundiais ao programade ajuda de água da ACNUR», apresentando, mais abaixo, o slogan «A água que vale água».

Actualmente morrem 6 mil pessoas no mundo por dia por falta de água potável.
Com 4 cêntimos, o ACNUR consegue fornecer água a um refugiado por um dia.http://earth-water.org/"Todos os dias morrem seis mil pessoas devido à falta de água potável e destas, 80% são crianças. A cada 15 segundos morre uma criança devido a uma doença relacionada com a água.
Com a criação da Earth Water pretende fazer-se a diferença e melhorar estasestatísticas assustadoras. Ao desenvolver o conceito "You Never DrinkAlone" pretende-se criar solução para a falta de água mundial.

Agradeço.

Naia Castro

9 comentários:

Joana Correia disse...

Realmente este meu homem dá muito que falar... e bem!

Eu resumia tudo o que foi dito como um Ser Humano lindo (em todos os sentidos) por dentro e por fora. É um exemplo para muitos e um orgulho enorme para todos os que partilham momentos da vida com ele.

Tal como ele, tu também és um orgulho grande Zézito!

Beijo grande

Anónimo disse...

Sr Perdigão,

O silêncio devia ser mais imperativo em mim... Aprecio muito a tranquilidade, o sossego e o silêncio. Mas de bom grado venho aqui e já sei que tenho que me haver com o seu traço genuíno de bom humor. A Srª Dª Joana Correia (deduzo) será, porventura, a Ms Charraz e eu que quando começei a ler até pensei que ela estava a falar de mim... Também mandou foto, mas senhoras já Não! Ficam sempre muito zangadas com as minhas análises... Basicamente porque as mulheres, ao contrário dos homens, têm pouca naturalidade e rebuscam muito as suas imagens e as suas poses. Como deve calcular isso comigo é trigo limpo. E é pena... São os seres mais maravilhososos que a natureza apurou. Quanto ao Sr R.C. deve estar corado, mas de ego cheio. É bom. Serve de trampolim e dá genica para reforçar os traços que moldam e precedem as nossas acções. A todos boas caminhadas na vida.

Por cá não me canso de vos agradecer.

Naia Castro

Joana Correia disse...

Exmo.Sr. Naia Castro,

Gosto da firmeza das suas palavras e da convicção dos seus pensamentos.

Não poderia falar de si, porque infelizmente não o conheço... quem sabe um dia!

Também não sei de que fotos fala, mas fiquei curiosa em relação à sua analise delas.

Atenciosamente,

Joana Correia

Rogério Charraz disse...

Naia, agradeço-lhe o retrato. Revejo-me numa boa parte, mas claramente tem mais jeito para ver os lados positivos do que para detectar os defeitos. E parabéns por ter visto tanta coisa numa foto tão pequena...

Sabe, e acredite que não é troca de galhardetes porque eu não gosto disso, dos textos anteriores já se notava que tem uma escrita envolvente, suportada por um bom nível cultural (não confundir com intelectualismo), mas sempre fez questão de se esconder, de mostrar muito pouco da sua essência.

E neste reaparecimento não se notam tanto os biombos, pelo que se vai percebendo um humanismo e uma sensibilidade que a mim particularmente me agrada.

E por aqui me fico, porque não gosto de elogio gratuito.

Vá aparecendo.

Anónimo disse...

Estimado sr Rogério Charraz,

apenas um apontamento - aquilo que vejo é o que é. O negativo e os defeitos fazem parte da sua resposta ao mundo e isso só se "vê" conhecendo a pessoa. De resto, para ver, em sentido literal, os defeitos de uma pessoa no rosto é preciso que eles sejam de tal forma acentuados que deixem marcas concretas e reais, tal como os sulcos do agricultor sobre o terreno. Exceptuam-se, neste campo, o sofrimento(quando acentuado e/ou prolongado pode também deixar marcas menos positivas no rosto) e (muit)as mulheres. Mas destas já não faço análises, em particular em determinadas idades.

Um grande bem haja e o meu agradecimento,

Naia Castro

Rogério Charraz disse...

Ok Naia, já aprendi mais qualquer coisa hoje.

Mas tenha cuidado, se as ciganas sabem que anda a fazer concorrência...

Uma boa semana.

PS: Ah, e eu não enviei nenhuma foto, está pré-definido porque em tudo o que faço gosto de dar a cara e assinar o meu nome. Não por vaidade, mas por uma questão de identidade. E não tome este esclarecimento como uma crítica, porque eu sou a favor da diferença. Se agíssemos todos da mesma maneira já tínhamos morrido de tédio...

Anónimo disse...

Estimado Sr Rogério,

Os Romanos foram um grande povo (dominador)! Influenciaram-nos de modo indescritível. A sua necessidade extrema de organização levou-os a criar uma rede diversa e complexa de infra-estruturas que continuam a marcar a nossa (latina) forma de estar no mundo – estradas, formas de urbanização, cacifos, dossiers, lombadas, índices, rotulos para tudo, papeis, gabinetes, ministérios, burocracia e claro a identitas, identitatem – Quo est? É a pergunta de ordem de um guarda romano quando Asterix e Obelix se aproximam de um forte romano em busca do namorada aprisionado de Falbala. Quo est? Caso contrário e mesmo que digas quem és e o que há de novo, não sei se te deixo entrar (a resposta de Obelix é genuinamente humana...). A identidade é importante por causa (do medo) do desconhecido. Quem és, por quem és, como te chamas, onde moras, o que fazes... Gavetas e armários. Prateleiras com potes todos iguais, mas com um rótulo – “farinha, arroz, café, sal, açúcar...” Como seria uma cozinha com os potes todos iguais mas sem qualquer nome ou etiqueta? Teríamos que abrir o pote, olhar, tocar, cheirar... Todavia, quanto mais conhecermos um produto mais fácil a sua identificação: às vezes basta olhar, nem precisamos cheirar ou tocar para saber o que é. Pelo contrário, quando estamos muito dependentes das etiquetas da cozinha, nem sabemos ao que cheira um pote que guarda arroz. Terão os cegos melhor sentido de identificação? A mim, quando (e se) me conhecer asseguro-lhe que deixará de me conhecer de todo. Eventualmente um destes dias poderei vir a publicar e sujeitar-me às regras romano-latinas... Eventualmente, se o fizer terei que me dar a conhecer minimamente. Se o fizer e fica prometido, o Sr Perdigão e o Sr RC terão conhecimento (antecipado) da minha parte.

Agradeço!

Naia Castro

P.S. as ciganas agora já vão à escola e andam na faculdade... só mesmo as mais velhas me poderiam fazer concorrência porque ainda lêm com a alma e o coração...claro que depois lá pedem a moedinha... mas a verdade é que já conheci ciganas que lêm mesmo sem moedinha e até fazem questão de não receber nada. O facto é que na origem da moeda está um princípio, bastante antigo, de não ficarmos a dever nada a ninguém e delas também não ficarem "presas" ao nosso destino (coisas de ciganos - dava mais um longo texto...)

Rogério Charraz disse...

Naia, se quer que lhe diga ,até prefiro assim. O mistério tem um efeito refrescante.

Agora, que a sua escrita já merecia um cantinho próprio, isso já. Claro que o Perdigão perdia um pouco do seu "glamour", mas também já está na hora dele se deixar de preguiças e começar a escrever coisas próprias.

Ficam os desafios feitos.

Um abraço,

Rogério Charraz

Anónimo disse...

Sr Rogério,

Estamos de acordo, em particular quanto ao Sr Perdigão. Ele sim tem a beleza da escrita e o sentido da clareza. Eu ainda preciso de lapidar muito até que a complexidade se torne a simplicidade dos lírios (os tais que deram polémica... porque são só aquilo que são, ao contrário de mim). Ficamos à espera é do Sr Perdigão!

Agradeço,

Naia Castro