05 setembro 2006

A casinha da Caló


Mal cheguei de viagem, ainda o jet leg se fazia sentir, e as malas repousavam, cheias, no chão do quarto, já o telefone tocava. Era o companheiro Cachaço a desafiar-me para ir ter com ele a Portel. Adivinhava-se três dias de farra como só os alentejanos sabem fazer. O petisco, era, nada mais, nada menos do que uma caldeirada de peixe do rio feita pelo Ti Canhola e pela Ti Ana. Não conto os pormenores, porque, para isso teria que pôr uma bolinha vermelha no canto do ecrãn do computador, e não sei como o fazer. Adiante.

No Domingo, depois da açorda d'alho, o Zé Lopes, que também estava no grupo, partia para a terra da Caló, sua mulher. Uma pequena povoação, Esperança, perto de Arronches, distrito de Portalegre, Alto Alentejo. Para variar, os penduras do costume foram logo atrás.

No Crato assistimos a um excelente espectáculo com o Carlos do Carmo e o Fernando Tordo a relembrarem o Poeta Ary. Segunda-feira de manhã tivemos que partir para Lisboa. Foi uma breve estadia, mas foi muito gratificante. A hospitalidade do casal já era, por nós, sobejamente conhecida, mas ali, num isolamento perfeito do campo, revestiu-se de outros sabores.

Obrigado a todos os amigos, pela vossa partilha.

12 comentários:

wind disse...

Mas tu andas sempre na borga:))))
beijos

Luna disse...

Bem ... só boa vida
beijos

Anónimo disse...

Não será necessário repetir que a porta está sempre aberta para os amigos...
Zé Lopes

Micas disse...

Esses fins de semana são sempre uma delicia.
A casinha é mt bonita e acolhedora, fez-me saudades da minha lá no alto minho.
Beijinho

Sandra disse...

Já fiquei cheia de fome !! Só comidinha boa... E qd acompanhada por boa companhia é melhor ainda...

Beijoca :)

Sandra disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Ter amigos como vocês,é um previlégio. E a vossa companhia,indespensável.
Um abraço
Cachaço

Anónimo disse...

No domingo passado (dia 10SET2006)o Grupo Norte Sul esteve, uma vez mais, em S.Manços, desta vez para participar no espectáculo das festas daquela bonita localidade. Que pena não teres tido hipóteses de estar presente juntamente com a Fátima! Além da enorme falta que a vossa presença habitual faz, iriam ter de novo a oportunidade e o grato prazer de "saborear" a hospitalidade daquela gente bonita!
Para nós, pela forma como somos invariavelmente recebidos, o título de "TERRA DAS PESSOAS HOSPITALEIRAS" vai direitinho para S.Manços!...

Um abraço do

Zé Lopes

naturalissima disse...

Mais um momento em grande.
Hehehhe... vive-se bem!
Obrigada pelo simpático comentério
Daniela

Anónimo disse...

Sr Perdigão,

Um amigo duma amiga minha é um literário nato. É contador de histórias, é poeta, ele é ... eu sei lá. Há alguns atrás escreveu-me uma história e sem perceber porquê, quando a li (eu que apenas identifico o que vejo e o que consigo racionalizar), achei que um dia iria viver essa história e iria conta-la a alguém. Já não acho que seja só uma história porque vivi-a e o sentido figurado da mesma aqui vai:

“Era uma vez duas ovelhas que nasceram num rebanho muito grande, na planície mais verdejante do País das Flores.

Para quem nunca lá esteve ou não conhece o País das Flores é completamente plano até ao horizonte.

No horizonte é recortado por uma montanha enorme contornada pelo do céu e donde vêem alguns riachos.

É uma montanha tão gigantesca e tão alta que tem sempre nuvens a meio e nunca ninguém lhe viu o cume.

De resto é um país que tem a temperatura sempre amena, a brisa suave e só chove quando as flores pedem água. Por isso, quando as flores, a relva e as árvores de fruto acabam de beber a chuva pára e volta o sol.

Também por isso é um País onde o cheiro é doce e muito suave e tem uma particularidade – é que para além da relva, das flores e das árvores só lá vivem ovelhas e andorinhas e nunca anoitece. Apenas há o nascer do sol, o pôr do sol e todo o resto do dia é claridade. Nunca está verdadeiramente escuro, apenas há as cores do amanhecer e do entardecer.

As ovelhas deste País são as mais branquinhas que alguém algum dia viu! E são ovelhas que falam e sorriem. Não são risos como os nossos. Quando riem, o som é como o de campainhas pequeninas e levezinhas.

Ora duas destas ovelhas andavam sempre juntas. Faziam tudo juntas. Partilhavam de uma cumplicidade e de uma união inegualáveis. Conheciam-se tanto e tão bem que por vezes nem falavam. Bastava olharem uma para outra para saberem o que diziam.


Um dia caminhavam ao longo da planície e sem darem por isso aproximavam-se da grande montanha e continuando sem dar por isso, cada uma delas seguiu o seu caminho. Uma seguiu pelo lado direito e outra pelo esquerdo da enorme montanha.

Perderam-se uma da outra e passaram anos e anos, em venturas e desventuras, até que alcançaram, do outro lado, novamente a planície.

A planície era como todas as planícies deste país e a vida decorria de forma normal com ovelhas e andorinhas e flores e relva...

Uma das ovelhas fez amigos e chegou ao novo rebanho com outras ovelhas que encontrou na montanha. Eram diferentes, tinham o pelo muito grande e eram muito maiores, mais robustas e de trato muito mais reservado que as ovelhas da planície.

Mas de todo houve festa e comemoração e muitos risos pelo reencontro e pela descoberta de outras companheiras e de outras vidas, histórias e aventuras.

No meio da agitação houve duas ovelhas que se cruzaram e pararam uma em frente da outra, numa contemplação absoluta e no silêncio e no olhar uma da outra começaram um diálogo que só elas ouviam e que há muito não praticavam:

- És tu? Que aconteceu? Procurei-te tanto. Esperei tanto...
- Também te procurei, também te esperei, mas depois fui à minha vida. Tive que sobreviver.
- Mas não me ouviste? Sempre nos ouvimos... Chamei-te, voltei atrás, dei voltas e voltas, perdi-me completamente... não fossem as companheiras que encontrei... ainda lá estaria agora... sempre soube que te encontraria... Mas sempre achei que me esperarias... como ainda te espero.
- Fiz o mesmo que tu e ainda te ouvi muitas vezes e procurei-te e segui o som dos teus passos até me achar na maior confusão e achar que tudo eram apenas ecos em mim. Não me censures sempre tive um sentido mais prático da vida que tu. Devias ter feito o mesmo.
- Não estou a censurar-te só a avaliar o que passei. O que poderia ter ou não ter sido se nada disto tivesse acontecido... estranho-te, não te censuro... É que sempre esperei por ti. Os meus passos alimentaram-se dessa esperança, dessa possibilidade e tu seguiste a tua vida. Agora estranho-te. Parece que já não te conheço.
- Não o faças somos as mesmas ovelhas só que com experiências à parte e em separado. Lembra-te que fazíamos tudo juntas. Nada se passava sem que o presenciássemos, ao mesmo tempo e da mesma forma. As coisas são aquilo que são. Aceita-as. Vive também a tua vida.
- A minha vida? Mas não existe a “minha” vida. A minha vida és tu e nós.
- Ouve, também guardo o som da tua voz e o cheiro do teu corpo e não penses que é fácil obliterar o espaço que ocupam em mim. Mas pergunto, se não fosse a tua voz, a primeira e única que sempre ouvi, qual a voz que estaria no teu lugar? Qual o cheiro que tem outra ovelha e até que ponto não conseguirei falar com outras ovelhas como falo contigo? se não fosses tu, quem teria sido? Compreendes?
- Sim agora compreendo que uma montanha se interpôs entre nós.

E afastou-se. Caminhou em direcção ao riacho até deixar de se ver ao longe. Penso que voltava para a montanha porque o riacho nascia lá.

Agradeço
Naia Castro

Micas disse...

Bom dia :)

Obrigada ;)
Não consigo colocar a música ?? já enviei mail.

Beijinho

Anónimo disse...

A Casinha do Caló na Esperança é super fixe, qualquer dia vou lá fazer uma visita.
Já agora vê o http://www.arronchino.blogspot.com

e ficas a saber mais coisas de Arronches.

Manolo